Tenho uma filha e em diversos aspectos a educação e a maneira que queremos que ela cresça e se desenvolva vive em conflito com o ambiente que nos cerca. Existe uma coisa muito verdadeira que é: todo mundo tem um palpite ou opinião sobre como devemos criar nossos filhos.
Um caso muito claro é a alimentação. Em casa eu e a Mari sempre evitamos dar doces e balas, procuramos apresentar para a Gi alimentos integrais, frutas, legumes, sem refrigerante, sempre água e suco. Por outro lado, era bem comum o resto da família passar por cima disso, mais de uma vez entramos em conflito por causa da alimentação. Depois na escola vimos que seria uma batalha perdida.
Em casa evitamos ao máximo mas vimos que é difícil controlar quando ela não está conosco (hoje ela ama doce, o que é normal porque qual criança e adulto exposto a isso não vai gostar?!). Esse tipo de conflito vale para essa questão de gênero e comportamento.
Sempre procuramos criar a Gi apresentando ela a diferentes atividades e brinquedos. Explicar as diferentes organizações familiares, explicar que meninos e meninas podem gostar das mesmas coisas, fazer as mesmas atividades, brincar com os mesmos brinquedos.
Ela sempre estudou em escolas que tem esse apelo da diversidade, ser mais moderna (mas ao mesmo tempo aconteciam coisas do tipo: eu costumava escrever os bilhetes na agenda e sempre recebia como respostas um “obrigado mãe”, até o dia que assinei “Papai”). Ao mesmo tempo, ela só ganha boneca da família ou roupas de menina (em qualquer loja para crianças, a primeira coisa que perguntam é se o que se busca é pra menino ou menina).
Ela adora brincar de mamãe, não aprendeu isso em casa, aprendeu na escola. As vezes ela fala que tal coisa é de menino e menina e nós temos que conversar com ela e explicar que não é assim (o mesmo vale para “lápis cor de pele”. Isso não aprendeu em casa, aprendeu na escola. Está impregnado no dia a dia). Não que seja errado ela gostar de brincar com o que é considerado de menina, mas me preocupa é se não existe o estímulo de mostrar que tem outras coisas que sejam interessantes e que ela pode gostar.
É sempre uma luta dos pais educando mostrando seus valores e crenças e o que ela recebe externamente, inclusive dentro da própria família. Tem pessoas que ficaram assustadas (sim, realmente assustada) quando a Mari comentou que a Gi me olhou um dia e disse que não gostava de meninos, só de meninas.
A gente tenta quebrar paradigmas no nosso dia a dia, dá exemplos, mas não é fácil. E com esse ataque a educação e o ensino que estamos tendo, acho que vai ser mais uma pedra no caminho.